sábado, 3 de dezembro de 2011

"Nós"

Já se passaram alguns anos. E tanto tu como ela tentaram seguir com a vossa vida. Mas tu ainda estás destroçado. Estás destroçado porque ela te escapou. E estás destroçado porque a vês bem. Vês o seu sorriso, aquele que pensarias ser só teu. Vês o seu olhar, aquele que pensarias ser só teu. E vês que ela está bem. Isso deixa-te feliz, mas destroçado. Mal tu sabes o que ela sente.
Ela quer dizer-te algo. Mas desta vez não vai deixar que o seu esmoreça outra vez. Decidiu que, se realmente for importante, serás tu a ir ter com ela. Ela já apanhou os cacos, mas não sabe o que fazer com eles. Apenas sabe que tu és a única cola que os pode unir outra vez.
Desde que ela foi embora, tu passaste a escrever-lhe todos os dias. Apercebeste-te de tudo aquilo que estava errado, e trabalhaste para mudar. Nunca deixaste de lhe escrever. E agora tens um molho de cartas em cima da tua secretária, e sabes que ela se vai embora. Embora da vossa cidade, dos vossos locais, e para longe de tudo aquilo que um dia foi importante para ela. Queres ir atrás dela, mas és demasiado cobarde. Ou será que não a queres fazer sofrer outra vez?
Ela vai para longe, para longe de ti, para a universidade, e rumo a uma vida nova. À sua vida nova. Esperou até ao ultimo momento para que tu fosses falar com ela. Mas apenas te viu estático, parado a um canto da estação, enquanto ela partia. Para longe. Para longe de tudo.
Entretanto, tu segues a tua vida, apercebendo-te de que ela era a única, e de que a perdeste de vez. Querias dizer-lhe tanto, mas as palavras faltam-te. Por isso, continuas a escrever-lhe. E mais dois anos se passam.
Estás agora um homem feito, já tens tudo organizado, o teu curso quase acabado, e passeias no teu local favorito. O local onde sempre desejaste levá-la. No teu lugar vês alguém.
Ela está sentada no seu "poleiro do por-do-sol", a pensar em tudo. No que já viveu. No que ganhou, e no que perdeu. E só tu ocupas o seu pensamento. Ela ouve passos atrás dela, e vira-se.
Tu vês que é ela. E que chora. Vais ao seu encontro. Envolve-la com os teus braços e sussurras-lhe algo.
Ela ouve o que tu lhe dizes. As lágrimas brotam agora com mais intensidade. E com um um sorriso, ela vira-se e agarra-te de volta.
Tu sentes o seu abraço e agora sabes que vai ficar tudo bem. Sabes que tens as suas cartas na tua secretária. Aquelas que escreveste ao longo dos anos, e que sabes que a vão deixar feliz. O que lhe disseste só vocês sabem, e só entre vocês vai ficar. Mesmo agora, estando os dois sentados com os netos em frente à vossa lareira, omitiram o que tu lhe disseste. E sorriem os dois quando vêem os vossos pequeninos cheios de curiosidade. Tu sorris e beijas-lhe a mão. "Aqui tens o teu final feliz meu amor"

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