A Bonita

Ela era uma rapariga pacata, de uma cidade pacata. A rapariga invisível, da cidade que todos queriam ignorar. A cidade onde nasceste, e de onde sempre desejaste sair. Ela era tímida, reservada. Tu, menino bonito popular. Ela admirava-te. Tu nem sabias que ela existia. Ela fazia por não se destacar, embora fosse talentosa em muitas áreas. E tu, fazias por brilhar na superfície, porque tinhas demasiado medo do que pudessem pensar do teu verdadeiro "eu". Mas, mesmo no meio de toda a tua agitação, um dia viste-a. Não sabias o nome dela, nem onde morava, mas ela encantou-te. A sua forma de andar. A sua timidez. A sua reserva, que a levava a esconder tudo o que era. E o seu sorriso disfarçado quando te olhou de relance, e viu que a olhavas. Mas não a olhavas com o desprezo dos outros. Não.. Era admiração e encanto que tinha o teu olhar. E ela viu-o. Pensaste várias vezes em ir falar com ela. Nem que fosse só para saber o seu nome. Mas não eras capaz. Ela era demasiado... Durante vários dias reparaste que ela se sentava perto do local onde costumavas passar o tempo. Mas nunca diferente. Sempre o mesmo sítio. Sempre a mesma rapariga. Sempre a escrever no mesmo livro. Como gostavas de saber o que ela escrevia... Decidiste que não devias dirigir-te a ela como "a rapariga", mas como não sabias o nome dela, ou nada da vida dela, decidiste chamar-lhe a Bonita.

A surpresa

É quando menos esperamos que mais somos supreendidos. Quer seja por um gesto, uma palavra, ou uma mensagem :')